sexta-feira, 27 de novembro de 2009

É CARONA, PAI.

Num final de madrugada, domingo, dia claro, o Flávio estava num colóquio amoroso com sua prenda, M. O., ao lado do colégio das freiras. Naquela época, 78, 79, um amasso era o maior escândalo. E o dito já tinha passado do amasso há muito tempo (motel não existia, e se existia não havia dinheiro).

O problema era que o João Mayer, pai do Flávio, tinha proibido ele de ser preso. Ele já tinha sido recolhido aos costumes (Boi Preto) 12 vezes (no total acabaram sendo 16 vezes, e nesse quesito, naquela época, ficamos empatados), e havia a sentença do João Mayer: “Se tu for preso novamente, tu nem fala comigo e nem com tua mãe, tu junta tuas coisas e sai de casa. No mínimo tenha vergonha na cara, pois vergonha tu me causa todos os dias perante os amigos e clientes.”

O Flávio estava tão envolvido no confronto, que não viu um gauchinho assistindo o entrevero. O gauchinho se ofendeu e foi até a delegacia prestar queixa do que tinha visto, segundo ele uma "estrupação". Nem sabia quem era, mas o quadro atentava contra os bons costumes.

O Moreira e o Rubilar, inspetores de plantão, não podendo evitar a denúncia, pegaram a Rural preto e branco da Polícia e se dirigiram ao local. Lá chegando, a Prenda já tinha se recolhido, só estava o Flávio se ajeitando. O Moreira só olhou, já conhecendo a figura, e disse: “Vamos, Flávio. Pra delegacia, que te denunciaram de estupro”.

Acontece que o João Mayer tinha um torneio de golfe que começava cedo, e sua passagem para ir ao local era pela Rua Marechal Floriano, em frente ao colégio. Morava na General Osório, e quando dobrou na esquina, viu o Flávio entrando na camioneta da Polícia que saiu rodando. Acelerou, já raivoso, encostou do lado, não disse nada, só olhando... Quando o Flávio vê ele, e quase entrando em pânico, começou a gritar: “É carona, pai. É carona, pai. Acredita! É carona, pai!”.

O João Mayer só apontou o dedo na outra direção, como quem diz “mas tua casa é pra lá”.

LOKO E DERLI PIETRO NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Eu já morava em Santa Maria, quando um funcionário que trabalhava na minha casa, entrou na justiça, reinvidicando seus direitos, direitos esses orientados pelo profissional que defendia seus interesses.

Eu nunca fiquei devendo pra empregado. Sempre paguei mais do que rezava o contrato de trabalho, geralmente verbal, pois nunca emitia recibo de pagamentos. Sempre confiava, pois não aceitava o fato de que tudo que sempre foi tratado de forma correta, deixaria alguém com o peito de cobrar o que não merecia. Mas o dinheiro acabava. É nessa hora que apareciam os advogados, geralmente incompetentes, mal formados, que os convenciam de direitos exorbitantes que ainda tinham a receber, os chamados “porta de cadeia”, que se intitulavam “Doutor” (os advogados se apropriaram da palavra Doutor, que muitos não sabem nem o que é, mas mesmo assim se tratam pelo título).

Chegando em Rosário, pedi para o Derli Pietro me acompanhar, pois eu não tinha nenhum profissional da área contratado para me representar. E fomos pra audiência.
Chegamos antes da hora aprazada, e ficamos conversando na sala reservada aos bacharéis. Daí a pouco chegou o advogado reclamante, que tinha sido constituído como o defensor, o Doutor “A. E.”. Chegou lá todo trêmulo e arrastando os pés devido a uma doença que o acometia. Dizia ele que era Parkinson, mas dizem que na verdade ele andava mexendo com ossadas e caveiras num cemitério do Caverá (e parece que tomou um pau...).

Nós sentados, ele tremendo e eu perguntei: “O que que tu tens?”
Ele me relatou seu infortúnio, o que gerou ainda outra pergunta: “Mas porque tu não procura cura?”.

Ele me disse que não tinha cura. E eu disse que ele tinha que estar brincando! “Olha pras minhas mãos, eu era muito pior que tu, não conseguia nem tomar água, só segurando o copo com as duas mãos e com alguém me segurando a cabeça, senão não tinha jeito”, e disse isso esticando as mãos bem firmes pra ele ver.

Isso gerou um interesse imediato no galo, que passou a me questionar como eu tinha conseguido a cura. Relatei pra ele que em Porto Alegre havia um Senhor chamado Heitor que curava esses males só com benzedura e fórmulas caseiras, mas que o acesso até ele era difícil (e era mesmo!), mas que eu poderia conseguir através da senhora Alda Pasquetti (mulher do vice-governador), que tinha sido cuidada por ele “como eu”, e cuja cura havia saído em diversos jornais. Ele concordou e disse que até havia lido a matéria.

De imediato me comprometi a dar o endereço e o telefone do curandeiro, pra resolver seus problemas. E fui bem franco: “Vamos esperar o resultado da audiência pra eu te dar o retorno...”. O Derli sem entender muito, assistia o assunto com atenção, mas sem fazer nenhum comentário.

Fomos chamados na presença do Juiz, por azar o mesmo que tinha prometido me prender em uma audiência anterior quando chamei ele de tendencioso, pois tendia sempre contra o empregador, e que de uma maneira ou de outra, quem sempre terminava desembolsando era a gente.

O interessado pela consulta com o curandeiro não parava de falar comigo. Queria endereço e telefone, sem dar a mínima bola pra o seu constituinte.
Feitas as apresentações, o Magistrado perguntou se havia acordo. O Derli respondeu que, nos termos da petição (12 mil) era impossível, pois não procedia. O Derli foi interrompido pelo Doutor adversário: “Doutor, nos faça alguma proposta que quem sabe a gente se acerta”, enquanto eu mostrava minha mão pra ele, ali, sem tremer.

O Derli propôs então 300,00 (só pra não perder a corrida até o local), o que surpreendentemente foi aceito pelo adversário. O valor causou espanto no reclamante, que questionou seu constituinte.

Se acalmou... E após ir à sala ao lado, teve que ser convencido de que, o que estava pedindo não era verdade, era apenas uma montagem jurídica, e que se eles insistissem naqueles números e não conseguissem provar, a coisa ia se complicar pro lado deles.
Voltando à mesa com o valor aceito, o Derli deu a cartada final: “300 em três de 100, pra não apertar meu cliente, sendo a 1ª à vista e as outras em 30 e 60 dias”, o que foi acordado e homologado.

Saí para ir embora e o rapaz lá atrás me chamando e perguntando o telefone ou o endereço do Seu Heitor. Respondi que ia deixar com o Derli, que saindo do prédio não conseguia parar de rir, incrédulo com o desfecho da audiência. O “A. E.” passou quase um mês pressionando o Derli pelo endereço, que dizia que tinha que “esperar pelo Loko”, já que eu teria de ir pra Rosário quitar as parcelas.

Fui avisado pelo Derli da pressão que ele tava levando, e pra minha sorte, dias antes do prazo pra pagar a parcela, abro a Zero Hora e encontro um convite pra enterro de um tal de Heitor, 82 anos, que havia falecido em Porto Alegre. Peguei aquela página e guardei.

Me apresentei no escritório pra pagar a 2ª parcela. Fui muito bem recebido, mas consternado, mostrei com provas que seu Heitor havia falecido, encerrando aí a promessa de cura.

O Seu Heitor realmente existia, mas não tinha essa bola toda. A Alda Pasquetti, dita mulher do Vice, não passava de uma cafetina do centro de Porto Alegre, que trabalha ainda hoje com Prostituição Executiva (funciona das 13h até 19h, onde homens marcam programas durante o expediente de trabalho e muitas mulheres,geralmente lindas, casadas, fazem programas, dizendo em casa que estão trabalhando. Algumas são bem casadas e vão em busca de prazer, com homens escolhidos pela cafetina. Com sigilo. Sem dança e sem escândalo. Tudo discreto).
Conheço bem o local, pois moramos lá, eu, o Botinha e o Lacerda, no 7º andar, no edifício Palácio Itália. Bem no centro. Era quase uma clínica das gurias, o Lacerda e o Botinha até num aborto ajudaram.