quarta-feira, 17 de março de 2010

OS HOMENS DA RFFSA



O Quinda, produção do Cacequi, marido da Rose, irmã da Gi, minha prenda, filhas do Prosper e Erica, era motorista de máquina na RFFSA, o que, na época, era tipo oficial do exército.

Num final de tarde, em Cacequi, estavam eles (eram 8) num refeitório com os párias do mesmo nível, quando chegou a noticia que havia morrido a mãe do Astrogildo, colega, bom parceiro, amigão (ele tinha perdido o pai há pouco tempo), e como os familiares estavam todos fora do local do sepultamento, ninguém poderia comparecer ao féretro.

Deliberaram, não poderiam deixar de ir. Só tínham compromisso na manhã seguinte, 7h, e não tinham motivos para não apoiar o parceiro.

Após chegarem a um acordo, pegaram uma máquina sem vagão, e se dirigiram ao “FOGUISTA LACERDA”, estação que ficava entre Cacequi e Rosário, 5 km de onde estava sendo realizado o velório.

Chegando lá, colocaram o veículo em um desvio, mas só se dirigiram ao local após comprarem canha a granel em um bolicho, que era mais barata. Chegados no Foguista, continuaram a pé os 5 km restantes. Todos eles aprumados, de camisa “volta ao mundo”, xodó da época, se dirigiram ao local.

O problema é que começou a esfriar, a temperatura caiu de repente, coisa que é normal na região, mas naquele dia eles não estavam preparados.

A canha já tinha terminado antes de chegarem ao velório. Mas quando chegaram, rezaram com todo o respeito, Quem não dava trégua era o frio...

Foi quando um dos parceiros comentou que o pai do Astrô era um baita borracho, e que devia ter alguma bebida que os aquecesse escondida por lá. “Nós não vamos agüentar de frio, temos que procurar alguma coisa ou fazer um fogo!!!”

Dito isto, saíram da sala onde estava a defunta, e começaram a procurar nos quartos, no galpão, na ordenha, por tudo. Até que em um dos armários ao lado da cozinha, acharam um vidro com uns 2 litros de destilado em infusão. Tinha uma raiz grande e algumas frutinhas, já bem passadas, que estavam esverdeadas. Até discutiram se seria gengibre ou alguma outra especiaria.

Abriram o pote e curtiram todo aquele achado dos deuses. E foi este achado o que ajudou a passar a noite e tapear frio.

Perto das seis da manhã, pegaram a carona e se dirigiram de volta ao refeitório. Não tiveram problemas, seguiram a rotina.

Passado alguns dias, após a licença nojo (do luto), o Astrogildo já trabalhando se encontrou com os colegas no almoço em Cacequi. Agradeceu à todos pelo empenho de terem ido confortá-lo naquele momento.

E fez o seguinte comentário: “Aconteceu uma coisa estranha no velório da mãe. Ela tinha guardado num pote com álcool, fruto de uma operação, um apêndice infeccionado e umas pedras da vesícula, que ficaram brilhando, pareciam polidas, e o álcool sumiu de dentro do pote...”

Dito isto, cinco dos maquinistas saíam correndo da mesa, com uma ânsia muito grande, inclusive o QUINDA, que tinha chupado as frutinhas.