terça-feira, 22 de setembro de 2009

O EXORCISTA

Nós fomos ao lançamento do filme “O exorcista” em Santa Maria, eu, Lacerda e Japonês (Cléber). O filme, pra época, realmente impressionava. Saímos do cinema agitados, eu e o Lacerda, o Japonês em estágio latente de impressionismo e lividez. O medo tomou conta do “home”.

Já na descida da Av. Rio Branco pra casa, ele se colocou no nosso meio, foi quando pudemos "tirar a febre” do Japa. Eu e o Lacerda nos entendíamos por música, e ao atravessarmos a Silva Jardim, na esquina do Hotel Glória, o Lacerda só me olhou e demos um pulo, correndo até o cordão da calçada. Não deu outra! O Japa ficou estaqueado,foi dobrando as pernas gemendo...: “Aaai...”, sem sair do mesmo lugar.

Seguiu o resto do trajeto num pavor que chegava a dar pena. Chegamos em casa, fomos pra o nosso quarto (eu e o Lacerda dividíamos o quarto), comentamos do filme com o João, o Botinha e o Bafo, e o Japonês já colocou uma cadeira na nossa cabeceira, entre os dois, pra acompanhar os relatos.

Já era uma hora da madruga, o Japa, que dividia o quarto com o Bafo (Tio Mille), não queria ir deitar no lugar dele. Ninguém o convenceu a sair, ele ficou lá sentado e com a luz acesa até o outro dia na hora do cursinho.

Aquela lenga-lenga já durava 4 dias. O Japa sentado toda noite com medo, dormindo nas aulas... Mais parecia um zumbi. Chamamos ele, comandados pelo Tio Mille (ao qual o respeito era grande) e o convencemos a voltar pro seu quarto, explicando que era tudo coisa de filme, arranjos, montagens, etc.

O resultado não foi muito bom. Mas ele chegou a dar uma dormida no catre dele (catre mesmo, ele comprou uma cama e no 2º dia deu uma luta entre todos, eu, João, Ney, Bafo, Lacerda, Botinha, e que casualmente acabou em cima da cama nova, que não agüentou... Muito fraca, segundo o Botinha). Já estava se animando, estudando até tarde, mas ,mais desconfiado do que égua torta ( cega de um olho).

Resolvemos então testar se o Japa já tinha assimilado o lance. Nosso apê era um antigo hotel, por isso tinha porta pra todos os lados, frente e com ligação pra entre os quartos, mais as janelas com venezianas. A divisão era a seguinte: eram 4 quartos, no da frente o João e o Ney, que ás vezes davam uma viajada, colocavam umas luzes coloridas, desmanchavam as camas e etc. No 2º, o Bafo e o Japa. No 3º o Botinha,e o Estevam da Tudinha Amaral (que dava um pau nele!) e no último, eu e o Lacerda, próximos do banheiro e da cozinha, separados por um corredor. Do lado de trás, as janelas e o acesso ao terraço.
Compramos um rolo de linha de nylon bem fininha e, como à tarde, o Japa ia estudar com o colegas e ficava até perto de 22h por lá, nós preparamos o local com calma. Atamos aquela linha em um vaso com canetas que ficava sobre a mesa de estudos com outras coisas, e também no pelego do chão, travesseiros, uma cadeira, um livro e alguns objetos. Colocamos os fios bem disfarçados, acompanhando os rodapés, e esperamos.

O Japa chegou. Educado com sempre, cumprimentou a todos que estavam na cozinha conversando bobagem. O Bafo perguntou: “E aí, sobrinho?! Tá aprendendo ou ta só sujando roupa em Santa Maria?”

“Tou indo!”, disse ele, “vou dar uma estudada numas coisas que não peguei bem antes de dormir”. Depois disso, ele se acomodou no seu quarto. Foi o que pedimos a Deus. Ficamos a postos, cada um numa abertura espiando.

Silêncio total. Eu tinha ficado com o pelego e o vaso. O Bafo com a cadeira. O João e o Lacerda com os demais utensílios. O Japa, cabeça baixa,bem concentrado... Foi quando dei uma pequena mexida no vaso... Ele parou e ficou sem fazer um único movimento, mas com os olhos grudados no vaso. Dei uma movimentada no pelego, ele correu só os olhos... Torceu tanto que quase tocou com eles na orelha, e dizia: “Ai, meu Deus... Ai, meu Deus...”.

Os demais também moveram discretamente os outros objetos. O Japa deu um suspiro fundo, repetindo: “Ai, meu Deus... Ai, meu Deus..o que esta acontecendo.”, fazendo menção de levantar.

Sem termos combinado nada, o restante soou com uma orquestra! Com o movimento do Japa, todos puxaram os objetos ao mesmo tempo. Bah... Ele deu um pulo, berrando! Passou por dentro da porta fechada, desceu as escadas e só foi parar no centro da avenida, debaixo de uma luz!

Levamos algum tempo pra nos recuperarmos! Fomos falar com ele pra saber por que ele havia sido intempestivamente de dentro do apartamento!

Como ele não sabia o que tinha acontecido, a coisa ficou sem nexo! Falava em diabo, exorcista, padre... E algo do tipo: “Eu nunca mais vou lá... Isso tá tudo possuído!”.

Foi difícil. E ele não voltou mesmo. Foi posar com uns colegas, e no outro dia, sem subir, pediu pra o Tio Mille levar até ele os livros do cursinho.

Não conseguimos o convencer, e ele acabou se mudando.

O diabo não passava do cagaço, de sua imaginação fértil, além de uma linha de pescar...!

domingo, 20 de setembro de 2009

O PISTOLETE


O Bafo (Almir), tinha retornado da Amazônia, onde participou do projeto Rondon, um intercâmbio entre universidades federais. Continuávamos morando no Brillmann, nesta época, além deste gringo desajeitado, o João Power, Ney, Botinha, Lacerda, Estevão, eu e o Japonês (Cléber Adir Menine).

A primeira aquisição do Bafo, logo após se reintegrar a comunidade, foi a de um pistolete (arma de pequeno porte, para ser transportada dentro do carro, para quando no campo ou estradas de chão caçar perdiz no pio) calibre 36, com cartuchos recarregáveis.

Mas ao invés de deixar, na casa dele, na campanha, ele levava e trazia todos os fins de semana aquele artefato, o que, para nós, colegas de república, se tornou um inferno. Ele carregava os cartuchos só com pólvora, espoleta e bastante papel, se divertindo em nos dar um “tiro” de surpresa, quando menos esperávamos. Aquele troço virou até despertador, ninguém mais se atrasava senão o pistolete pegava, chegou ao ponto de andarmos nos escondendo e nos cuidando, com medo das ações insanas do gringo.

O gringo era mau, não poupava nem os parente. Numa feita, o Japonês (Cléber), com medo do pistolete, se escondeu no quarto para não entrar em atrito com o tio “Mille” (Tio Mille, Bafo, Gringo... É tudo a mesma pessoa!), que sabendo que tudo era questão de tempo, o Japa teria que espiar pelo buraco do trinck, pois só havia a chave da porta.

Sabendo que o pistolete poderia machucar o sobrinho, foi cuidadoso utilizando algo mais simples, ficou de tocaia do lado de fora do quarto, com um isqueiro numa mão e uma lata de aerosol na outra. A espera já durava quase 1 horas (nós também quietos esperando o resultado), o Japa não ouvindo nenhum ruído foi dar uma espiada no buraco, quando botou o olho, o de prontidão tacou fogo, acionando o aerosol.

O Japa não ficou cego pois, por instinto, baixou a cabeça, mas não livrou a sobrancelha, e a testa,que ficou com um redondo queimado por aquele lança chamas, repartindo a sombrancelha em dois pedaços distintos, deve ter ficado alguma marca até hoje.

O consumo de pasta de dente se multiplicou, de tanto o Japa passar na cara para parar a ardência. Perdeu uns cinco dias de cursinho, e o bafo flutuava entre realizado e preocupado com o resultado. Seguindo a trajetória, deu pra ver que o elemento não era mole.

Uma tarde o João chegou cedo da universidade, me chamou na cozinha e foi logo dizendo: “Tchê Loko, não ta dando mais para agüentar o Bafo, terminou a paz, ninguém consegue estudar durante a semana, já falei com ele, mas parece que piorou, todos tão se queixando. O Lacerda já fala em se mudar, temos que tomar uma atitude! Vamos botar esta merda fora e dizer que roubaram.”

Não dava, ia dar crepe, resolvemos então dar um cagaço no bafo.
Compramos um vidro de 200 ml de mercúrio cromo, conseguimos um saco plástico, estreito ,comprido e forte. Colocamos o mercúrio dentro, e com um elástico tirado de um calção, prendemos no meu peito, coloquei uma camiseta clara, o João preparou o pistolete (bem carregado) e ficamos esperando o bafo.

Neste meio tempo, chegou o Japa, se interou do assunto, gostou, e já foi nomeado vigia para avisar quando chegasse o Bafo. Quase 6 horas, sobe o Japa excitado: “Tá chegando, tá chegando.”

Eu no canto do corredor esperando. Quando ele chega, o João sai do quarto: “Bah, tu chegou bem na hora! O Loko tá impossível, já ia dar um para ti quieto nele, o pistolete tá pronto.”

O bafo só disse: “Deixa comigo, me dá aqui! Pega os meus livros”, estendendo-os para o João.

Neste momento entrei no corredor, a uns três metros dele, que me vendo queimou cartucho, exclamando: “Deu pra ti.”

Foi uma fumaceira e uma papelama que embaçou o corredor. Iimediatamente apertei a parte de baixo do plástico com tanta força que saltou mercúrio até no rosto, e a camisa ficando empapada de “sangue”.

O Bafo, vendo a cena, se estacou. Olhou para o pistolete, atirou ele longe, olhou para o João, dizendo: “Olha o que tu fez!”

“Eu não, tu” - diz o João – “Eu não tenho arma.”

Eu caía contra a parede, ensangüentado e tossindo. E o gringo, transtornado, questionando: “Com o que que tu carregou esta bosta?

“Com os cartuchos vermelhos da caixa em cima do guarda-roupas”, disse ele.

“Meu Deus, aqueles são baletões pra bicho grande! Matei o Loko... Matei o Loko.”

Eu já caído babando, o João se aproximou, apoiou minha cabeça e sentenciou, ta morrendo.

Deu um desespero e um descontrole no homem que começou a falar sem nexo: “Sobrinho, desce na avenida, ataca uma ambulância, chama um médico.”

Não contente, desceu ele mesmo, fez uma volta lá embaixo, e voltou correndo escada acima. Neste ínterim, o zelador Henrique, já bêbado, viu a cena e foi falando: “Tem que chamar a polícia”.

O Bafo chegando e o zelador naquela ladainha: “Tem que chamar a policia, e vou avisar não tenho nada com isto, to descendo.”

O bafo inconsolável, chorava , batia a cabeça na parede: “O que que eu fiz!”

Foi chegando gente, vizinhos, todos pra ver a tragédia. E eu me levantando, nós rindo, foi quando me aproximei do Bafo, que me olhou dizendo: “Não levanta, pode piorar o teu estado, te deita.”

Levou uns cinco minutos para ele começar a entender o que houve e se recompor.

Santo remédio, pois o pistolete desapareceu do ap. e ele, nunca mais nos azucrinou, embora ás vezes dava uns GRUNIDOS, talvez de saudade.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O 418 JOSÉ (EU) DE SERVIÇO NO 4º RCC


O soldado José, eu, estava de serviço durante a semana, e no quartel divide-se o tempo em períodos chamados “quartos”, e as duas horas de “quarto” que cada indivíduo fica de serviço, é sorteada. Certa feita, no sorteio dos “quartos”, eu era quem substituiria, na sequência dos quartos, o soldado Henrique Vanzin de Sarandi (gringo furioso, brabo, raivoso e vingativo).

Certa vez desmanchei a beliche dele, que caiu, e fez com que ele ficasse toda noite de plantão para me dar uma facada (tive que dormir em cima dos armários do pelotão, e na madruga, ao me virar, caí e trinquei duas costelas).
Até ai tudo bem, ele já não me amava muito! Até que, nesta noite em que devia substituí-lo, ou seja, “quando fui rendê-lo”, em termos do quartel, encontrei ele dormindo com a arma do lado. Me aproximei “pé por pé”, peguei a arma e sai pra longe. Camuflei a arma e, fiz o que se faz quando se está chegando e não se quer levar um tiro – chamei por ele:
- Guarda... Guarda... Guarda...

Foi quando ouvi aquela voz debilitada:
- Avança a senha.
Respondi:
-Caneco.
E pedi a contra-senha.

-Cantil.
Disse ele.

Respondi outra vez:
-Sou eu, Henrique. Tá na hora.
Fui me aproximando dele, que já estava em desespero procurando por algo com um pedaço de galho de eucalipto na mão.

Ele me pede:
- José, me ajuda. Não sei o que fiz da minha arma. Acho que me roubaram. Por favor, pega esse pau e fica “na hora” enquanto eu procuro. Fica no escuro que o ronda não vê que tu está desarmado.

-Mas tchê! Eu não vou ficar com esse pau na mão! Lembra do Medina com aquela história da invasão do quartel, ele nem perdeu a arma e levou cinco dias de cadeia. Perder a arma vai dar no mínimo 60 dias de cadeia, e ainda vai ter que pagar o equipamento. Isso dá processo pro resto da vida! Tua mãe vai morrer de desgosto!

O gringo chorava, se lamuriava. Consegui convencê-lo que, por cansaço, a gente anda sem se dar conta (tipo sonambulismo), e que talvez ele tivesse largado a arma em algum lugar.

Após convencê-lo chegamos a um acordo: eu ajudaria a procurar a arma, o que o livraria da cadeia, da desonra e etc., e se nós a achássemos juntos ele teria que me pagar na cantina três chokitos e dez pastéis.

Para ele foi um alívio. Começamos a vistoria.

Por uma certa casualidade, o José 418 achou a arma! E teve sua recompensa regiamente cumprida!!

Da raiva anterior passou a ser um grande admirador. Dizia para todos:
- Esse cara é um baita colega!! Bah! Não tenho palavras, me tirou duma fria...

O LOKO E O GAROBA (Garibaldi Martins)



Após meu retorno de POA (onde morei por 18 anos), arrendei, em parceria com Gaspar Santana, uma terra ao lado do Rio Caverá (propriedade da Sr. Carlos Prates), local muito procurado por caçadores de capincho e outros exterminadores da fauna.

Logo após a ponte sobre o rio, uns 100 metros pra dentro do mato, era onde tínhamos estrutura para puxar água para a lavoura (“puxe”), o que era feito por um trator, sempre supervisionado por algum funcionário. Eu estava na lavoura quando o supervisor avisou que havia junto ao “puxe” dois elementos desconhecidos.

Desloquei-me para lá e encontrei o Garoba e o Elefante, dois caçadores, bons atiradores e bem conhecidos meus. Tudo bem! Ficamos conversando, tomando um vinho, e o Garoba se gabando de suas qualidades, até que resolvemos testar essas qualidades tão exclamadas.

Marcamos uns 30 metros, onde foi colocada uma tampa de garrafa em cima de um moirão, que serviria de alvo. Dessa forma veríamos quem atirava melhor. Fui atrás do banco da minha camioneta (Fiat comprada do Dego, na qual o Mário César da madeireira tinha se suicidado dentro) e peguei a minha arma, uma Puma calibre 38, e voltei para o local do teste.
Acontece que o Garoba tinha levado uma lingüiça para o almoço, que estava enrolada no arame da cerca, pouco mais para o lado da tampa pra onde estavam se dirigindo os tiros.

O Garoba deu o primeiro tiro e a tampa voou seguida de um alarido de felicidade. Deu outro tiro... Mesmo resultado. E então começou:
-Atira, Elefante! Atira!

Ele atirou. Mesmo resultado. Outro tiro... E mesmo resultado. Como eles estavam atirando de calibre 22, o resultado era excelente!

Chegou minha vez! Eles cuidavam atenciosamente a tampa, e assim não viram que apontei minha arma mais para o lado de onde ela estava e atirei. Nada!! A tampa nem se mexeu!

-“Atira de novo, infeliz!” - Dizia o Garoba!

Atirei.

Nada!

A esta altura, junto com o vinho que estávamos tomando, o alarido do Garoba fazia um eco no Caverá!
-“Mas não é possível”, dizia ele. “Um homem com uma arma dessas errando deste jeito, é o legitimo chambão.”

Eu fiz uma cara de encabulado, e após vários apelos, tive que atender o pedido para atirar novamente, pois, segundo eles, eu não tinha acertado nem o moirão da cerca.

Dei o terceiro tiro.

Nada!
Mas vi que a última volta da lingüiça se despencava em farelos no chão. Guardei a arma, fingindo estar constrangido, tomei mais um gole de vinho, subi na camioneta e dei a partida enquanto o Garoba dizia:
-Quando quiser aprender a atirar, liga aqui pro papai ou com o professor Elefante.

Risada geral!

-Deus me perdoe, errar no dobro desta distância com essa máquina.

Foi quando fechei a porta dizendo:
-“Tá bem, Garoba. Tchau.” Ficou o Garoba uma risada só, e o Elefante mais comedido.

Andei uns 10 metros e dei ré. Ele me perguntou:
- O quê que tu quer Loko?

Respondi:
-Só pra te avisar que se precisar de uma panela para cozinhar teu guisado pode pegar lá no acampamento.

Ele:
- Mas tu acha que vou andar caçando com uma panela pendurada na cintura? O negócio é assado, vinho e saber atirar.

Eu novamente:
- Ah tá, então dá uma olhada na tua lingüiça...

E me arranquei.


O apelido do Garibaldi é “Gariba”, mas em homenagem ao Luis Leão, que é muito enjoado e o chama assim, segui o ritual.

domingo, 6 de setembro de 2009

O JOÃO CAVALO NA MANUTENÇÃO DA KASPER.


Por quatro anos, fui encarregado dos suprimentos da Kasper. Subordinada à minha área estava a manutenção da empresa (elétrica, hidráulica, equipamentos, etc.), o que naturalmente era terceirizado.

O João Cavalo, apelido dado a ele pelas habilidades que tinha em dar um “cavalo-de-pau” ou um “zero” com um carro no menor espaço possível, como por exemplo, em cima da ponte José de Abreu de Rosário, ou usando uma pista só na frente do Comercial... Tudo com a maior facilidade.

Ele era proprietário de um Maverick V8 com alguns HP´s a mais, branco perolizado, rebaixado... Um canhão! O João prestava serviços de manutenção, e seu forte era a parte elétrica.

Não me lembro onde estávamos, lembro que o João pediu que se aparecesse algum serviço, que eu passasse para ele, que a coisa andava meio devagar. Uma tarde, Sr. Teldo Kasper, Diretor Presidente do grupo, me chamou na sua sala e pediu que mandasse alguém averiguar o que estava acontecendo com a chave da luminária de cima da sua mesa, que piscava constantemente, interferindo também em diversos equipamentos (como a empresa lidava direto com soja, os equipamentos eram conectados direto com a bolsa de valores de Chicago).

Enfim, que resolvesse o assunto! Chamei o João que no outro dia se apresentou com secretário e tudo (o secretário dele era o Joãozinho, seu vizinho, que chamava o João Cavalo de Carepa. O Joãozinho hoje é um empresário de sucesso).

Avisei do conserto ao Sr. Teldo, que foi para uma reunião em outro andar da empresa. A sala do Sr. Teldo media 7x8, com teto de gesso rebaixado e trabalhado, luminárias de 2,40 m duplas, luz do dia, com mesa de reunião, mesa principal, tudo de vidro e uma parafernália de equipamentos. Antes de começar o serviço, o João foi alertado para forrar tudo e evitar desligar qualquer equipamento. Caso tivesse que movimentar alguns documentos, chamasse a secretária responsável.

O João começou examinando as tomadas, as descidas de energia, e não encontrou nada. Resolveu então tirar a luminária onde apareciam os curtos-circuitos para examinar os reatores, não encontrando nada. Organizou um poleiro com umas cadeiras e um banco, para poder expiar a fiação acima do gesso. Foi colocando o corpo para dentro da abertura se debruçado sobre essa estrutura de gesso. Em cima era escuro, e ele já estava com meio corpo dentro do forro. Foi quando levou um choque de um fio sem isolação, que encostava nos outros. Começou a tremer! Derrubou o dito “andaime” que tinha feito, e abaixo de mau tempo tentou se segurar no forro, abrindo os braços. Foi pior! Desceu junto com ele a metade do gesso da sala, com tudo, quebrando o vidro da mesa e o que estava embaixo do teto.

Minha sala era no andar debaixo. Quando ouvi o estouro, subi correndo já imaginando o pior. Abri a porta e vi aquele caos: tudo quebrado! O João tremendo, sentado contra a parede, o cabelo em pé, a cara preta do choque e o resto tudo branco do gesso. O Joãozinho, o secretário, mais afastado, com os olhos arregalados, nem olhava pra mim e se mordia para não rir. Dizia ele, sério, com um ar de deboche:
- Pobre do Carepa! Pobre do Carepa, quase morreu!

Era uma polvadeira só, que tinha sido gerada com o gesso quebrado! Não demorou muito pra o Sr. Teldo adentrar na sala, abrindo o verbo!

Chamou todos de tudo, inclusive o contratante (eu). Escutamos cinco minutos aquela ladainha, calados, até que ele parou de falar. Foi quando eu disse:
- Posso falar, Sr.Teldo?
- Mas o quê que tu tem para falar?
- É o seguinte: o Sr deveria estar agradecendo este homem, pois onde ele levou o choque, estava tudo em curto a ponto de pegar fogo, e esse gesso que caiu foi fixado só com pedaços de tiras de madeira, como o Sr bem pode ver ai nos restolhos. Isto ia cair sobre a sua cabeça, pois despencou de repente.

O João só deslocou a luminária.
Continuei:

-“Observe que os cantos estão todos trincados” -com o peso do João, o que não quebrou, trincou- “Isso já era pra ter desandado.”

O velho olhou os cantos da sala e realmente estavam cheios de trincas. Após observar, meio assustado, se sensibilizou pedindo desculpas ao “pobre coitado do mártir”. Chamou a empresa construtora, que não soube explicar o acontecido e, embora desconfiados, refizeram a instalação e o gesso como cortesia.

Autorizou o pagamento que seria feito pra o “coitado”, condicionou o meu departamento para que toda manutenção fosse destinada ao João “Mártir”.

Não demorou muito tive que me livrar do João, pois como protegido do “home”, ficou se achando muito grandão.

O LOUCO DO ALVORINO NA PENSÃO VITÓRIA


A pensão Vitória tem três pavimentos, frente, escadas, pisos e algumas paredes de alvenaria com várias divisões de madeira na vertical, onde morava um monte de gente empilhada em beliches. Como era barata, nem esquentávamos a cabeça.

Nos serviam pão velho, carne estragada (aferventada com vermelhão e alho para pegar cor e disfarçar o cheiro) e daí por diante. Sempre parecia que ia ter mondongo! Nós morávamos no último andar, o 4º, quase um apart-hotel, pois tinha banheiro. Éramos eu, o Flávio e o Caranta.

Um dia apareceu um novo inquilino, conhecido nosso de Rosário, que chamavam de “Louco do Alvorino”, apelido dado a ele pois morava com o Sr. Alvorino do INPS, pai do Horácio e do Aldo (algum tempo depois o Horácio veio morar conosco, mas é outra história). O nome dele eu nem me lembro.

O que não tinha perdão na pensão, era atrasar o pagamento do aluguel. Após quatro meses, o Louco atrasou! Foi chamado na direção, quando pediram que regularizasse a conta e que procurasse outro lugar para morar. O Louco se virou, pagou e quando chegou a tarde, a cama dele já estava ocupada (no 2º andar) e suas roupas estavam enroladas ao lado da porta. Mas ele não tinha para onde ir, e nem se preparou com tanta urgência. Bateu nele um certo pavor.

Falou com o Flávio, que de pronto se manifestou:
- Posa aqui em cima conosco que ninguém fica sabendo, e amanhã, antes do café, tu te manda sem que ninguém te veja. Aí tu te vira.

Resolvido o problema, organizamos o pardieiro, mas não nos conformamos com a atitude desleal do véio (foi padre) que mandou ele embora. Chegou o Caranta, que era o mais velho, 47 anos, decidiu:
- Vamos nos despedir do Louco! Vou pagar um Velho Barreiro pra nós. Flávio, tu busca.

Realização total! Junto, veio um litrão de Pepsi (que era mais barata que a Coca) e outro Velho Barreiro, Lá pelo meio do primeiro Velho Barreiro, a imaginação começou a ficar fértil e concluímos: para retribuir o desaforo feito ao Louco, ele teria que cagar na porta do quarto do dono da pensão antes de sair de lá. Maravilha!! Plano aceito por nós por unanimidade e sem contestação. Mas o Louco ponderou, com razão. Isso poderia demorar, o velho acordar e encontrar ele, ou ainda, podia passar alguém, pois para todos os efeitos ele já tinha ido embora.

Resolvemos então que os três iriam fazer as necessidades, dentro de um saco de “Cristalçúcar”, e que o Louco, ao descer, levaria o saco e esfregaria na porta.

Com a nossa conversa alta e já no 2º Barreiro, o pessoal do 2º pavimento subiu pra saber o que estava acontecendo. Relatamos o plano. A adesão foi geral. Questão de meia hora o saco tava quase cheio, mais que o necessário para a empreitada.

Lá pelas 5h nós ainda estávamos acordados, e o Flávio resolveu descer com as bagagens do Louco para esperar por ele na Praça D. Feliciano, em frente à Santa Casa, para que o Louco tivesse as mãos livres para realizar a obra.

O Louco pegou o saco e saiu. Até hoje não sei como ele fez. Presumimos que ele desceu de costas e foi reboleando aquele saco até a porta da entrada. O último lance da escada da entrada tinha 5m. Eu nunca tinha visto um estrago tão grande: era no teto, nos lustres, nas portas, e principalmente, na porta do veio. Por tudo!

Lá pelas 6h30m fomos “acordados” pela BM que tinha sido chamada pelo dono da pensão para investigar quem tinha feito tamanho estrago.

Como o acontecido tinha começado no 2º andar, a Brigada logo nos descartou, permitindo que fôssemos trabalhar e ficando fora da “CPI da Bosta.”

Já fazia três dias do acontecido quando chegaram à conclusão que deveria ter sido alguém de fora que pudesse ter feito uma cópia da chave, ou alguns marginais poderiam ter adentrado a pensão. Resolveram trocar até as fechaduras da entrada.

O fedor era tão insuportável que ninguém aceitou fazer as refeições na pensão. O velho teve que pagar durante quatro dias um buffet na Rua da Praia aos pensionistas (barato).

Lavaram as paredes e portas com pinho-sol, Q-boa, e mesmo assim levou uns dez dias para que as coisas voltassem mais ou menos ao normal.

O dono da pensão deve ter entendido mais ou menos o recado pois a coisa melhorou em tudo um pouco: ATÉ NO PREÇO!

Nunca mais vi, nem ouvi falar do loco, mas que valeu a pena... Valeu.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

SEU MENOCA - VALDEMAR SILVA


O Seu Menoca, homem rural, sério e bem humorado, era proprietário de terras lá pelo lado da Capela. Passava umas duas semanas na Estância e depois alguns dias na cidade. A casa da cidade se localizava na Rua General Osório. Pra sorte dele, entre a minha e a do Flávio, que, na época, não tinha muita experiência em roubar galinha, pois colocava um grão de milho na ponta do anzol, e passava a tarde tentando pescar uma galinha do vizinho, o Seu Menoca.

O Seu Menoca ficava cuidando e se divertindo, pois realmente não se importava... Era uma diversão pra ele! Uma tarde andavam por lá o Flávio e o Pinga, concentrados na pescaria, que não dava resultado. O Flávio não viu que o Seu Menoca se aproximava, pé por pé, da base do muro, o que foi visto pelo Pinga, que disparou sem ter tempo de avisar o parceiro.

O Seu Menoca ficou embaixo do pesqueiro, o Flávio lá tentando e nada. Até que uma voz falou: "Atira mais longe, senão as galinhas não enxergam o milho."

O Flávio, sem olhar, responde: "Não dá, senão o Seu Menoca vê."
A voz disse: "Não vê nada. Ele já viu e não se importa."

Quando caiu a ficha do pescador, ele voou por cima do muro! Levou o portão da horta do João Mayer entrelaçado nas pernas até a cozinha!E Passou o resto da tarde estudando na expectativa que o Seu Menoca fosse fazer queixa pro pai dele ( Nós tínhamos medo do João Mayer).

Como o Flávio não passava mais na frente da casa do Seu Menoca (quando tinha que ir lá em casa dava toda a volta... Texaco, Rodoviária velha, Marçal Pacheco, etc...), ele me chamou pra entregar um material de pesca que devia ser do Flávio, mas que "não sabia" como que tinha ido parar no pátio dele.

O Seu Menoca era mais arteiro que nós. Noutra feita, ele trouxe da estância umas 50 linguiças e as colocou num varal, longe do muro que dividia o meu pátio com a casa dele, mas deixou duas linguiças próximas do muro divisório, que nem tínhamos visto. Acontece que ele tinha um cachorro, chamado Rex, que não deixava ninguém entrar no pátio.

Ao passar na frente, vimos aquele atentado, mas não nos arriscamos. Fomos dar uma volta na frente da casa do vizinho e lá estava ele, sentado numa cadeira preguiçosa, alpargata, bombacha... E já nos chamando e cumprimentando: "Ê ai gurizada, como é que vamos? E as moda, colégio, tudo bem?"
Respondemos: "Tudo bem, Seu Menoca, e o senhor? Muito cansado?"
"Um pouco", disse ele, "carneei anteonte uma vaca e dois porcos e fiz um lote de linguiça, que é pro aniversário da Adélia" (esposa dele). "Já coloquei pra secar no varal, mas tive que prender o Rex pro lado de cá, pode ele querer mexer nas linguiças..."

Nos olhamos e concordamos com ele. Mas já fomos dando a volta discretamente, pois o Guarda, o Rex, estava impedido, e não podíamos perder tempo.

Enquanto íamos até minha casa, Seu Menoca, pegou uma cadeira de abrir, e colocou num lugar dentro do pátio onde não era visto, para esperar o desfecho do caso. Entramos no meu pátio e fomos direto ao muro. Pulei e peguei as 2 linguiças. Atirei pro Flávio abaralhar, que tava do outro lado do muro! Só depois que eu já estava subido no muro, voltando, que ouvimos aquela voz de longe: "Adélia, acho que tem um pessoal estranho no pátio! Solta o Rex, solta o Rex! Pega Rex, Pega Rex!"

Se divertia às nossas custas e nos controlava com muita autoridade!
E nunca soltou o Rex!!!

Nós cheio de pecados,começamos a evitar passar em frente a casa dele, e no domingo, o dia do aniversário da Dona Adélia, quando a mãe voltava da missa, mandou um recado, que era pra eu e o Flávio irmos almoçar com eles pois estava assando umas linguiças!

Não fomos! Saudades do Seu Menoca...!

UM CONSELHO DE CURTO ALCANCE



Eu e o Chico da Willys (Renato Silva), todas as semanas, vínhamos nos entreverando com uns e outros. Não importava o lugar, sempre aparecia alguém pra complicar. O que acontece é que depois que tu pega alguma fama, de maleva, por exemplo, tu não precisa procurar rolo, a coisa vem ao teu encontro de graça.

Estas rusgas constantes foram incomodando Seu Osvaldo (pai do Chico). Então, num determinado sábado, ele armou um sopão junto com a Dona Lourdes (mãe do Chico) para ter uma conversa conosco.

Em casa, só as gurias, Lizete, Lucinha, Leila e o namorado Renato Temp. Comprou umas cervejas, refrigerantes e acompanhamentos pra janta.

Cheguei, o Chico morava lá, o Seu Osvaldo fazendo o sopão, nos abriu uma cerveja e começou o mijo...
-"Olha, gurizada, a coisa tá ficando ridícula. Eu trabalho numa empresa de porte, tenho responsabilidades com a comunidade, e só o que eu ouço é 'o Chico e o Carlos brigaram de novo'. Isso não pode continuar, além de inconveniente, vocês não são cachorros! E além do mais, daqui uns dias, as brigas não vão ser mais de soco, alguém vai ter que pará-los, facada,paulada, bala... E eu não quero perder mais um filho." (O Régis, irmão do Chico, tinha falecido...)

Se emocionou e nos emocionou também.

Prometemos a ele que iríamos parar com essa frescura. Evitaríamos desavenças de qualquer maneira. O assunto se esgotou e nós ficamos bem constrangidos.

Ficamos até quase meia noite tomando cerveja. Até que resolvemos dar uma volta no Caixeral, só pra dar uma olhada no movimento.. Nos despedimos e saímos pela porta da Amaro Souto, em direção ao Clube.

Acontece que, na terça-feira passada, nós tínhamos dado uns corretivos, lá na rodoviária, em 2 marginas lá da Vila Ana Luiza, e a provocação tinha partido por parte deles. O problema é que, justo nessa noite, eles ficaram nos esperando na frente da Operária, que era caminho até o Caixeral, e ficava uns 50 metros da porta do Chico.

Dessa vez vieram entre 5 pra nos pegar. Quando confrontamos com o grupo, ficamos totalmente sem jeito. Não por causa daqueles caboclos subnutridos, mas sim pelo conselho.

Fomos recuando uns 30 metros tentando evitar o choque, o que encorajou os oponentes, que acharam que nós estávamos fugindo. Dois correram por trás pra nos parar e não nos permitir voltar pra dentro de casa.

Paramos. Não tinha como evitar... A coisa foi rápida! Durou só de 2 a 3 minutos e o caso já estava resolvido. O que não impediu a família de ouvir o alvoroço e sair pra rua, vendo o final do entrevero.

Com a fuga dos tentiadores, nós não tínhamos o que dizer. O Seu Osvaldo esbravejava furioso...: "Mas não tem fundamento! Um conselho de pai não dura 20 metros nem 5 minutos. Aonde nós vamos parar... Tô desistindo de vocês! Foi o conselho de efeito mais curto da minha vida."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

DESPEDIDA DE SOLTEIRO DO GOIABÃO


O Goiabão (filho do Nadir Monte), ia casar com a Célia Dantas. Na época, ele era um bom partido. Filho de rico, já se formando em Veterinária, melhor carro da city... Era ser o casamento do ano!(EM ROSÁRIO, TODOS OS ANOS TEM SEMPRE MAIS DE UM CASAMENTO DO ANO) E os convivas selecionados a dedo.

A Célia tinha sido minha colega de aula nas freiras (eu tinha sido excluído do Plácido, a bem da disciplina e da incompreensão...), pois só me restava o Horto. A colega, depois que noivou com o dito, trocou até o tranco! Começou a escolher as amigas, a cumprimentar pessoas mais interessantes,pintura, bordados,harpa e até a saia ficou mais comprida.

O Goiabão, não muito afeiçoado ao cotidiano da SAFURFE, mas que dizia admirar, falou com os guris pra fazerem uma galinhada das nossas pra fazer a despedida.

O Flávio, Cabeludo, Dilermando, Cabana e o Chibo acharam o máximo e acertaram de primeira (tudo sem interesse nenhum. O Goiabão pagou duas caixas de cerveja e seis litros de canha). Daí foram falar com um especialista, eu, que também topei e era o dono da panela.

Ficou tudo combinado. Ia ser na praia. Na época não existia o camping e era tudo na areia. Não tinha nada por lá... Nem água ou lenha, nada. Chegada a noite, o Goiabão indicou o local onde as galinhas eram gordas, os donos eram velhos e nem cachorro tinham. Convoquei os parceiros, Renato Fonseca, Demitri Motta, Robson Prates, Zé Machão e o Flávio, e nos dirigimos ao local.

Surrupiamos 12 penosas bem gordas.

Chegando na praia as coisas já estavam encaminhadas. O fogo, as pedras pra escorar a panela, uma mesa de camping pra cortar os tomates, cebolas, etc. O José, o Armando, o Cézar Duquia, o Cabana, o Éder e o Ney se encarregaram de ir até a beira do rio cortar e limpar o material ganho (como não havia água quente, as galinhas foram coreadas. Bem light.

O Locha se encarregou de buscar a água, pois ficava longe, auxiliado pelo Jorge Wraitt,o mauricio cardoso ficou com a lenha. Eles não pertenciam à SAFURFE, mas foram convidados pelo noivo no Comercial (o Locha, e nem o mauricio não eram da SAFURFE, mas tinha trânsito livre conosco, na nossa e em todas as turmas, o que acontece ate hoje!). Acontece que próximo, uns 40 metros, da nossa comemoração, tinham armado duas barracas, e estavam se sentindo os donos do ambiente: uma do Jairo Rosa (estrela-mor do cartório) e a outra do Zeno (puxa-saco do Jairo, acho que trabalhava em um banco), que não estavam gostando da função,querendo exclusividade do local e não queriam ser perturbados.

A coisa ia bem, e numa das buscadas de água do Locha, o Zeno estava esperando por ele, e foi logo avisando: "Tu é amigo das minhas filhas e não quero que te compliques. Já chamei a polícia. Te manda porque esses vagabundos vão tudo preso."

O Locha chegou, sem muito alvoroço, nos comunicou o fato e, realmente, tirando o noivo, ninguém deu muita bola. Neste meio tempo chegou um cabo do Exército que ia passando, o Guma, que não tinha nada a ver conosco, era apenas um conhecido dos tempos de quartel. Ele ficou ali na boa, conversa com um, conversa com outro,e ficou sabendo do assunto , já se achou autoridade:"Ninguém nos prende!" (naquela época, qualquer milico era "home", principalmente frente a Briosa...). Achamos muito bom e passamos a dar trago pra nossa autoridade.

Começamos a cozinhar pela meia noite. Na panela e na picada, eu, o Melado, o Éder, o Cabana.O Goiabão e dois convidados ao lado, só esperando o desenrolar da iguaria, bebendo whisky discretamente.

Com o subir do álcool, subiram juntos, o som, o tom de voz, os discursos... O que inflamou os vizinhos. O Jairo tinha até revolver e queria da tiro (em tempo, eu estava sem beber, curando uma baita gonorréia - 3 benzetacil - e o álcool não combinava).

A galinhada tava quase pronta. Era uma e meia da madrugada quando chegou a Brigada, dando voz de prisão à todos por pertubarem a ordem pública.

Não concordamos com isso. E foi então que nossa autoridade Guma, já bêbado, interpelou os PM´s, e a coisa não ficou boa. Do outro lado, o Zeno e o Jairo (do revólver), cheios de autoridade, esbravejavam a toda, exigindo a nossa prisão.

Fui falar com os PM´s e concordei, em nome de todos, em acompanhá-los, mas só depois que nós comêssemos a galinhada (eles eram só 6, e nós 17), e a minha fama de estudante do colégio de freiras já ia longe. Comunicamos que as galinhas eram doação do noivo e explicamos o porquê da comemoração.

Uns concordaram, outros não, mas terminamos o prato e seguimos jantando. Convidamos eles. 3 aceitaram de pronto e 3 ficaram fazendo lombo duro, mas em seguida comeram como condenados (isso os fez perder um pouco da autoridade...). Terminando a janta, já quase 3 horas, o Zeno veio exigir dos PM´s o nosso recolhimento, o que gerou descontentamento por parte do Guma, que estava com uma prato de lata na mão ainda jantando. Se virou e enfiou aquele prato,com bóia, na cara do Zeno,e ainda,não sei como, deu uma mordida nas costelas.

A cena obrigou os PM´s a chamar o Choque do Exército. A coisa ficou feia e ficamos sem razão.

Os PM´s estavam numa Pick Up Willys e fomos subindo todos pra cima, mais os 6pms. Não deu outra. A camionete não saiu do lugar. Trancaram as rodas embaixo e não se mecheu, e ninguém descia.

Chegou o caminhão do Choque pra levar o Guma e os PM´s negociaram com o Sargento do E.B. pro caminhão levar o pessoal até a delagacia, o que foi aceito com pelo Sgto.

A tolda do caminhão era em cima, ficando a frente e a traseira abertas. Começaram a subir os condenados, sendo que subiam 3 por trás e desciam em mesma quantidade pela frente. Aquela folia durou até resolverem colocar 2 dos PM´s na frente para interromper o trânsito.

Tudo carregado. Pessoal, panela, uma canhas que sobraram, as cevas já tinham furado, o noivo e seus amigos já tinham vazado, e quando o caminhão se mexeu, o Locha, o cardoso e o Jorge que estavam debaixo de uma barraca de lona,(parece que era de uns primos do ney) saíram pra fora gritando: "Parem, parem. Nós também ´tamo preso!"

saltaram todos de cima do caminhão pra abraçar a parceria. E foi mais meia hora de missa, mas já com a presença do Seu Mário Cuiudo, a cavalo, pra servir como batedor do comboio.

Após todos colocados no caminhão, seguiu o cortejo pela 7 de Setembro, o Mário Cuiudo a meio galope,na frente, mais o caminhão e a camionete dos PM´s. O caminhão parou na lateral da delegacia (confrontando com o Plácido, no beco José Scherer), já eram 7h da manhã.

Fizeram um cordão e fomos entrando todos pra sala da frente que era maior, com a panela e as canhas. O caminhão do choque se mandou. Os PM´s entregaram os papéis pra os Policiais e se mandaram também, e ficamos por conta do Moreira e do Luiz, inspetores (faixas nosso), que chamaram o Delegado Chicão pra resolver o assunto, já que os acusadores (Jairo e Zeno) não tinham o que acusar, e nem nós sabíamos do que éramos acusados.

O malfeitor já tinha sido retirado (o Guma). O Zeno estava lá com os beiços avantajados do inchaço causado pelo "prataço", e meio curvado por problema nas costelas.

O Delegado Chicão chegou. Tomou parte do assunto, liberou os acusadores e começou a fazer algumas ligações. Na sala da frente o gritiriu era grande e a canha que tinha sobrado ainda tava correndo solta (o Flávio tinha levado embaixo das roupas), o delegado foi até lá e mandou todo mundo calar a boca senão iam todos pro presídio. Mas logo lhe foi lembrado que o caminhão já tinha ido embora... Se indignou, mas não respondeu, sendo interpelado pelo Flávio: "Por favor, Dr. Chicão, posso ir fazer xixi?"

Só olhou pro Flávio e disse: "Faznas calças ou aonde tu quiser, mas ninguém sai dessa sala", e se retirou. O Flávio tranquilamente foi até a parede do fundo e descarregou, sendo seguido por outros necessitados, alguns até vomitando.

O Moreira viu aquilo e se dirigiu ao chefe: "Olha Delegado, eles tão mijando e vomitando. Só falta cagar, o que não demora..."!

O Delegado furioso disse: "Moreira, abre a porta da frente e bota tudo a correr. Se for preciso tu toca bala que eu não quero mais nem saber desta nbalburdia e nem desses caras aqui dentro".

Saímos pela porta da frente e seguimos pela João Brasil, com a panela pela metade de bóia, e fomos até a casa do Mazzaropi, pai do Zé Machão, e a festa seguiu até a meia tarde...

Obs.: Não fomos convidados pro casamento. Ah, e já se desfez faz tempo...

MUNDO COLORIDO


O Baixinho Melado, ou Kita,ou José Aristes, trabalhava num determinado banco em Porto Alegre, mais precisamente de caixa. Eu na gerência de suprimentos da Kasper.

Como caixa, eles não prestavam conta todos os dias, somente no final do mês. Durante este período eles usavam pequenos valores do caixa pra diversas bobagens, e quando recebiam, recolocavam os valores gastos, prestando contas.

Uma manhã próxima ao dia 25, ao chegarem na agência , receberam a notícia que haveria auditoria em todos os caixas, durante o expediente, o que causou alvoroço geral, principalmente no Melado, que é o que mais usufruía desta prática.

Após tentar vários meios para conseguir o valor necessário, desistiu, e todos estavam no mesmo barco. Os auditores se aproximando, o nervosismo batendo. Quase meio dia e se lembrou do Valenzuela (sim, eu!), fechou o caixa para almoçar, e correu pra Kasper, entrando sala adentro sem ser anunciado (não dava tempo), todo desalinhado, e esbaforido dizia:
-“Tu tem que me salvar, tu tem que me salvar, só resta tu...”

Me contou história e os valores necessários, e explicou que após o almoço, um dos primeiros caixas a serem auditados seria o dele. Para aumentar o desespero do Melado, eu logo disse que não tinha como conseguir este dinheiro.

Ele sentado ,suando, as pernas abertas, a cabeça quase nos tornozelos, gemendo. Busquei um café bem forte para o acalmar, e enquanto ele se distraia com aquele artifício, fui até o financeiro da empresa, peguei o valor necessário, assinei o vale para o meu departamento, e voltei para azucrinar o Melado, dizia: “O brabo não são algemas, é o jornal, a foto, os comentários... tipo caixa da desfalque, pastel, suco, torradinhas, guloseimas, cerveja, janta no Chimarrão, sapato novo... é brabo”.
Coloquei o dinheiro na frente dele, mas ele não enxergou.

Chegou o meio dia: “Bueno Baixinho, já que não deu de um lado, vamos almoçar.”
-“Eu não tenho fome, tu não ta entendendo” –dizia ele-, “todos me abandonaram...”

Drama total... Nisto ele levanta a cabeça, enxerga o dindin, arregala os olhos, pega e sai correndo em direção ao banco,chegando bem antes da auditoria.

Me agradeceu eternamente, disse que no pagamento,dia cinco, me ressarciria.
Contudo, no mesmo dia, já tomamos umas cervejas por conta do caixa, mas não passou disto. E nunca chegou o dia do pagamento.

Dai uns tempos se demitiu do banco, e foi morar em Capão da Canoa , corretor de imóveis.

Lá chegando, conseguiu um sócio capitalista, meio descontado, e montaram um bar num prédio desse cara. O bar realmente era de muito bom gosto, vários ambientes, todos decorados, o piso de veludo vermelho, com espelhos, quadros, ornamentos. Tudo nota dez, incluindo os serviços e os preços. Deram ao local o nome de MUNDO COLORIDO.

O negócio ia de vento em popa. Eu já tinha ressarcido o valor ao financeiro da Kasper, e o Melado nunca mais falou do assunto. Chegaram as minhas férias, fevereiro, fui para Capão, ficando numa pousada por 15 dias. Na primeira semana fui com a família duas noites ao Mundo, gastei, paguei, dei gorjeta, tudo em ordem (e o Melado nada).

No final da outra semana, terminariam as minhas férias, então comecei a convidar pessoas que conhecia do lado profissional, para jantarem comigo no Mundo Colorido no meu aniversário sabado(que na verdade é em novembro), e já avisando que a conta era comigo, para dar quórum. Consegui uns 20 convidados, reservei o espaço, e no sábado, lá pelas 21h30 começaram a chegar os convivas. A festa ia legal,Uns caras muito chochos, naturalmente eu sugeri a todos como prato principal, camarão gigante, grelhado na manteiga, com guarnição (maravilhoso), por acaso o prato mais caro do cardápio.

Lá pela 1:30 o pessoal começou a ir embora, me alcançavam a comanda, me abraçavam(ja tinham dado o presente) e se retiravam. A mesa foi se esvaziando, ficando só uns mais próximos, 6 gatos pingados ,incluindo a família. O Melado viu que ninguém acertava a conta, e sentiu o cutuque. Chamou uma das garçonetes, pedindo para me perguntar,que como ele tinha que fechar o caixa, se eu ia pagar com cheque ou cartão. Respondi: “VOU ASSINAR A NOTA”.
Quando recebeu a noticia, só ouvi: “É A MINHA RUINA”

Se tem uma coisa bem real, o que o Melado tem de sobra é CLASSE, e não se abala por mixaria.

Após o tremor inicial, se dirigiu pra mesa, nem olhei pro semblante dele, esperando o estouro, pegou uma cadeira,pediu licença, sentou ao meu lado, olhou para a garçonete, e pediu 4 chopps, sem falar nada bebeu todos, de gut-gut, me olhou dizendo: “Só não vou pedir camarão porque vocês comeram tudo, DESGRAÇADO”

Sem muita conversa as contas ficaram certas e bebemos até clarear o dia.
Daí uns tempos terminou o Mundo Colorido pegando fogo. Não houve culpados. Mas o SEGURO era grande.

O Melado continua morando no meu coração.


*Foto: O Melado mesmo!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

MAURÍCIO CARDOSO E O PREPARO AGUIAR


O Preparo tinha passado no vestibular pra Veterinária e veio morar em Santa Maria. convidou para alugar um apartamento com ele o Maurício Cardoso, pretendente à uma cadeira na Universidade, coisa que não se realizou.

Procuraram um apartamento pra morar que ficasse bem localizado e não muito longe dos "quilégios", e nem muito caro. Conseguiram um num local só de estudantes, na esquina da Silva com a Serafim Valandro, local de maior fervo de estudantes e de guria bonita.

Acontece que, em Santa Maria, tem que ter carro, pois com jeito de pobre, não se consegue nem pro fumo, e os guris sabiam disso.

Trouxeram de Rosário geladeira, cama, fogão, uns trastes velhos necessários para um acampamento, mas não tinham guarda-roupa. Numa vinda do Maturino, pai do Preparo, resolveram comprar um guarda-roupa usado que desse pros dois, e que não se gastasse muito, segundo Pedro Cardoso, o pai do Maurício.

Imcumbência recebida, lá foram os dois à procura, e acharam um bem bom dum bric lá da Avenida Rio Branco, próximo da Estação. Acertaram o preço e fecharam negócio.

O guarda-roupa era lindo! Bem forte... Amarelo ouro com detalhes em azul. Parecia uma faixa luminosa de aviso em caminhão de gás.

Bueno, tudo certo, só faltava o transporte. Começaram a pesquisar... Amigos, caminhao, camionete... Até que terminaram numa carroça, que era bem mais em conta. Carregaram o móvel com muito cuidado e o Preparo já se instalou na boléia junto com o condutor, chamando o Maurício para ir na frente, que decidiu ir atrás pois poderia dar alguma zebra.

Subiram a Avenida e desceram a Andradas, pra dar certo na mão das ruas. Quando dobraram a Valandro à direita, faltando um quadra pro apartamento, o Maurício deu uma olhada, e como era fim de tarde, tava todo prédio na frente tomando mate,bebendo, conversando, etc.

O Preparo começou a se encolher na boléia e a sorrir amarelo. O Maurício, quando viu aquela recepção, saltou de trás e se escondeu na esquina, mas capaz que ele ia se apresentar na frente de todos com aquilo. ficou escondido, pra ver o desenrolar dos fatos!

Quando faltava uns 50 metros pro prédio, começou a vaia. Foi horrível!

O Preparo procurando o Maurício, o carroceiro sem querer ajudar, pois o problema não era dele, ficando o Preparo sorrindo e cuidando daquele monumento pra ninguém mexer!mas cade o mauricio?

Lá pelas 11h da noite, chegando em casa, o Pinóchio Flores e outros que moravam no mesmo prédio, ajudaram o Preparo na empreitada de carregar o móvel para cima,já que não tinha mais torcida. O Maurício só chegou em casa pelas 8h... Do outro dia. E contando que tinha caído da carroça ainda na Avenida,batendo o cóquis, e que não conseguia falar, brabo com o Preparo por não ter olhado pra trás pra cuidar do companheiro, e que como o nosso apartamento, era mais perto, foi se arrastando até ali para tomar agua e se recuperar , terminando por dormir lá mesmo...
o preparo não enguliu muito, mas ficou por isto mesmo.

O CAMPEIRO DAS PICADAS (3º DISTRITO DE ROSÁRIO)


O Júlio Vasconcellos é grosso. Vou definir o que, em escala, é um grosso, no nosso linguajar.

1º- COLÃO: É aquele que mora na campanha, sabe tudo sobre a lida de campo e os afazeres pertinentes ao meio. Quando vai ao povo é sempre meio inseguro, mas acha que gerente de banco, oficial de qualquer força, leiloeiro, delegado, dono de casa rural, é tudo seu amigo.

2º- GROSSO: É aquele o qual tem parentes próximos com alguma terra ou coisa parecida. Não anda bem a cavalo, não sabe fazer grande coisa, mas se acha o tal, pois também é patrão por herança.

3º- MEIO GROSSO: Tem parentes com propriedade rural, passa temporadas de férias na campanha mas não aprende muita coisa. Serve de chacota pra os do meio, fala errado procurando acompanhar os mesmo, a fim de se integrar à comunidade.
É mais ou menos por aí...!

Eu e o Júlio, que levou o Paulo, irmão dele de contrapeso, resolvemos plantar uma lavoura de milho na propriedade do avô dele, seu Augusto Vasconcellos. Preparamos tudo e o resultado foi excelente. Quando a lavoura estava pronta, na fase do milho verde, descobrimos que na praia estava faltando a iguaria por problemas climáticos, e os feirantes estavam comprando por 0,50 a espiga, o que era 6 vezes maior que o preço do quilo vendido em sacos, ou a granel.

A informação era correta. Na época eu era gerente de suprimentos da MLM (Macedo, Linhares, Mascarenhas), e o Júlio era agrônomo da Estância Santa Regina (NTO), e confirmamos a informação com exatidão.

Contratamos um caminhão truck e o carregamos de espigas, todas do mesmo padrão, até em cima das guardas! Terminamos de carregar no entardecer e fomos amanhecer em Tramandaí. Foi a festa! Até Capão, já tínhamos vendido, num só dia, a metade da carga.

Resolvemos dormir em Capão, após resfriar a carga em um posto de combustível, e nos preparamos para descansar, que no outro dia continuava o trabalho. Levantamos pelas 6h, tomamos um banho de mar pra ativar o sangue, fizemos um mate,tomamos café e nos preparamos após o balanço finaceiro, pra sair.

Quando vimos, a uns 60 metros, um guri, tentando, com um buçal na mão, pegar uma égua (magra, seca e com frieiras no lombo) para atrelar em uma carroça. O guri arrodeava e nada, não chegava na égua, o que causou um certo nojo no grosso: "Mas que guri bem infeliz! Égua véia dessas, lá fora dou uma gravata e derrubo!!"

Dito isto, levantou do banco onde estava e se deslocou ao local do entrevero.

"Me dá esse buçal aqui, guri! Vou te mostrar como é que se faz lá no Caverá!"
Pegou o buçal da mão do guri e se dirigiu ao pobre animal, meio pela frente, com firmeza e autoridade.

Foi levando o buçal na frente, com o braço esticado, e foi se dirigindo pra cabeça do mesmo. Quando faltava uns 30 centímetros pra ele alcançar o pescoço, aquela égua se encolheu, deu um giro no corpo, e soltou as duas patas no aparelho reprodutor do Júlio, que com o impacto, recuou uns 5 metros.

Passou uns 3 minutos se rolando e tentando respirar (não tinha como a gente se aproximar, de tanto risada e podia ser perigoso, o Júlio "se botar" em nós). Se levantou curvado, com as coxas coladas, as canelas abertas pra fora, com os pés apapagaiados, procurando um pau pra matar a égua! Achou um galho de eucalipto e se dirigiu direto para o monstro!!

O guri gritava: "Chega, pai, chega, pai!", e logo apareceu uma meia dúzia de caboclos que convenceram o grosso a desistir da idéia, ninguem tinha pedido a ajuda dele.

Encerramos as vendas no outro dia (bem sucedidos), mas na viagem de volta gastamos uma boa parte do lucro comprando gelo e uma bacia pra aliviar o companheiro.

Pelo que sei, este resquício o tem acompanhado pela vida, pois contam que um dos elementos geradores de esperma é um pouco maior que o outro e bem moreninho...
O resto da lavoura, foi vendido para estancia azul, que colheram, transportaram, secaram, e nos pagaram a vista.