sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O JOÃO CAVALO E A PATENTE.

Estávamos na Praia (a das Areias Brancas), final de noite. Eram umas 3h da madrugada. Estava frio, eu lembro bem. Foi quando chegou o João Cavalo, em seu Maverick 302 V8, babando de tão bêbado. Ele sentou numa cadeira na nossa mesa, quase dormindo. Estávamos no bar do Mamute (esperando a Beth, mulher do Mamute, nos preparar uns kibes) enquanto tomávamos, claro, umas cervejas.

No bar do Mamute não havia sanitários, e as necessidades fisiológicas dos clientes eram feitas em uma casinha (patente), com um buraco de 1 metro de profundidade feito na terra mesmo e uma cadeira sem lastro para passar o escoamento. Adorável. Ficava no escuro perto de uma cerca, junto com umas “unhas-de-gato”.

O João começou a balbuciar: “Tou me mixando... Me mijando... Me minxan...”.

Enquanto ele exclamava, eu e o Melado fomos até a dita casinha e a mudamos ela mais ou menos meio metro do local onde estava. O buraco ficou exposto, mas no escuro da noite não dava pra ver.

O João levantou e saiu cambaleante em direção à casinha. Ao levar a mão na porta ele sumiu. Ficamos esperando o resultando ouvindo aquela voz embargada do João dizer: “Cheguem guris, cheguem... Eu tou mal...”.

Corremos todos pra lá, mas ninguém queria (obviamente) chegar perto do João Cavalo, que se debateu naquele buraco e ficou com mer** e larvas até a cintura.

Arrumaram uma taquara e o ajudaram a sair, mas o fedor era incrível.

Ele se recuperou um pouco, pegou uma faca e perguntou: “Cadê o Loko?”

Deu um ataque de fúria nesse cristão e ele saiu me correndo. Pra me livrar, me fui pro Rio Santa Maria. Entrei de sapato, jeans e casaco, e fiquei só com a cabeça fora d´água. Ele não conseguia me ver, mas não saia da beira. Ficou raspando aquela sujeira toda e se lavando, enquanto proferia: “Um dia vai ter que sair e eu vô tá te esperando”.

Louco de frio, fui descendo o rio a favor da correnteza, depois de uns cem metros saí e me mandei pra casa. O João só desistiu no clarear do dia, se enrolou num pano e foi embora.

Conseguimos conversar depois de uns 2 dois, e eu morri negando o fato. Passada uma semana, não se podia ficar perto do João Cavalo, ainda mais se fosse contra o vento. Aquele troço se entranhou nos poros e quando ele suava ninguém suportava o cheiro que exalava do corpo.

Após mais de ano e pela insistência dele, tive que admitir que tive influência no acontecido. Ainda bem que ele já tinha largado a faca...

Nenhum comentário:

Postar um comentário