quinta-feira, 3 de setembro de 2009

DESPEDIDA DE SOLTEIRO DO GOIABÃO


O Goiabão (filho do Nadir Monte), ia casar com a Célia Dantas. Na época, ele era um bom partido. Filho de rico, já se formando em Veterinária, melhor carro da city... Era ser o casamento do ano!(EM ROSÁRIO, TODOS OS ANOS TEM SEMPRE MAIS DE UM CASAMENTO DO ANO) E os convivas selecionados a dedo.

A Célia tinha sido minha colega de aula nas freiras (eu tinha sido excluído do Plácido, a bem da disciplina e da incompreensão...), pois só me restava o Horto. A colega, depois que noivou com o dito, trocou até o tranco! Começou a escolher as amigas, a cumprimentar pessoas mais interessantes,pintura, bordados,harpa e até a saia ficou mais comprida.

O Goiabão, não muito afeiçoado ao cotidiano da SAFURFE, mas que dizia admirar, falou com os guris pra fazerem uma galinhada das nossas pra fazer a despedida.

O Flávio, Cabeludo, Dilermando, Cabana e o Chibo acharam o máximo e acertaram de primeira (tudo sem interesse nenhum. O Goiabão pagou duas caixas de cerveja e seis litros de canha). Daí foram falar com um especialista, eu, que também topei e era o dono da panela.

Ficou tudo combinado. Ia ser na praia. Na época não existia o camping e era tudo na areia. Não tinha nada por lá... Nem água ou lenha, nada. Chegada a noite, o Goiabão indicou o local onde as galinhas eram gordas, os donos eram velhos e nem cachorro tinham. Convoquei os parceiros, Renato Fonseca, Demitri Motta, Robson Prates, Zé Machão e o Flávio, e nos dirigimos ao local.

Surrupiamos 12 penosas bem gordas.

Chegando na praia as coisas já estavam encaminhadas. O fogo, as pedras pra escorar a panela, uma mesa de camping pra cortar os tomates, cebolas, etc. O José, o Armando, o Cézar Duquia, o Cabana, o Éder e o Ney se encarregaram de ir até a beira do rio cortar e limpar o material ganho (como não havia água quente, as galinhas foram coreadas. Bem light.

O Locha se encarregou de buscar a água, pois ficava longe, auxiliado pelo Jorge Wraitt,o mauricio cardoso ficou com a lenha. Eles não pertenciam à SAFURFE, mas foram convidados pelo noivo no Comercial (o Locha, e nem o mauricio não eram da SAFURFE, mas tinha trânsito livre conosco, na nossa e em todas as turmas, o que acontece ate hoje!). Acontece que próximo, uns 40 metros, da nossa comemoração, tinham armado duas barracas, e estavam se sentindo os donos do ambiente: uma do Jairo Rosa (estrela-mor do cartório) e a outra do Zeno (puxa-saco do Jairo, acho que trabalhava em um banco), que não estavam gostando da função,querendo exclusividade do local e não queriam ser perturbados.

A coisa ia bem, e numa das buscadas de água do Locha, o Zeno estava esperando por ele, e foi logo avisando: "Tu é amigo das minhas filhas e não quero que te compliques. Já chamei a polícia. Te manda porque esses vagabundos vão tudo preso."

O Locha chegou, sem muito alvoroço, nos comunicou o fato e, realmente, tirando o noivo, ninguém deu muita bola. Neste meio tempo chegou um cabo do Exército que ia passando, o Guma, que não tinha nada a ver conosco, era apenas um conhecido dos tempos de quartel. Ele ficou ali na boa, conversa com um, conversa com outro,e ficou sabendo do assunto , já se achou autoridade:"Ninguém nos prende!" (naquela época, qualquer milico era "home", principalmente frente a Briosa...). Achamos muito bom e passamos a dar trago pra nossa autoridade.

Começamos a cozinhar pela meia noite. Na panela e na picada, eu, o Melado, o Éder, o Cabana.O Goiabão e dois convidados ao lado, só esperando o desenrolar da iguaria, bebendo whisky discretamente.

Com o subir do álcool, subiram juntos, o som, o tom de voz, os discursos... O que inflamou os vizinhos. O Jairo tinha até revolver e queria da tiro (em tempo, eu estava sem beber, curando uma baita gonorréia - 3 benzetacil - e o álcool não combinava).

A galinhada tava quase pronta. Era uma e meia da madrugada quando chegou a Brigada, dando voz de prisão à todos por pertubarem a ordem pública.

Não concordamos com isso. E foi então que nossa autoridade Guma, já bêbado, interpelou os PM´s, e a coisa não ficou boa. Do outro lado, o Zeno e o Jairo (do revólver), cheios de autoridade, esbravejavam a toda, exigindo a nossa prisão.

Fui falar com os PM´s e concordei, em nome de todos, em acompanhá-los, mas só depois que nós comêssemos a galinhada (eles eram só 6, e nós 17), e a minha fama de estudante do colégio de freiras já ia longe. Comunicamos que as galinhas eram doação do noivo e explicamos o porquê da comemoração.

Uns concordaram, outros não, mas terminamos o prato e seguimos jantando. Convidamos eles. 3 aceitaram de pronto e 3 ficaram fazendo lombo duro, mas em seguida comeram como condenados (isso os fez perder um pouco da autoridade...). Terminando a janta, já quase 3 horas, o Zeno veio exigir dos PM´s o nosso recolhimento, o que gerou descontentamento por parte do Guma, que estava com uma prato de lata na mão ainda jantando. Se virou e enfiou aquele prato,com bóia, na cara do Zeno,e ainda,não sei como, deu uma mordida nas costelas.

A cena obrigou os PM´s a chamar o Choque do Exército. A coisa ficou feia e ficamos sem razão.

Os PM´s estavam numa Pick Up Willys e fomos subindo todos pra cima, mais os 6pms. Não deu outra. A camionete não saiu do lugar. Trancaram as rodas embaixo e não se mecheu, e ninguém descia.

Chegou o caminhão do Choque pra levar o Guma e os PM´s negociaram com o Sargento do E.B. pro caminhão levar o pessoal até a delagacia, o que foi aceito com pelo Sgto.

A tolda do caminhão era em cima, ficando a frente e a traseira abertas. Começaram a subir os condenados, sendo que subiam 3 por trás e desciam em mesma quantidade pela frente. Aquela folia durou até resolverem colocar 2 dos PM´s na frente para interromper o trânsito.

Tudo carregado. Pessoal, panela, uma canhas que sobraram, as cevas já tinham furado, o noivo e seus amigos já tinham vazado, e quando o caminhão se mexeu, o Locha, o cardoso e o Jorge que estavam debaixo de uma barraca de lona,(parece que era de uns primos do ney) saíram pra fora gritando: "Parem, parem. Nós também ´tamo preso!"

saltaram todos de cima do caminhão pra abraçar a parceria. E foi mais meia hora de missa, mas já com a presença do Seu Mário Cuiudo, a cavalo, pra servir como batedor do comboio.

Após todos colocados no caminhão, seguiu o cortejo pela 7 de Setembro, o Mário Cuiudo a meio galope,na frente, mais o caminhão e a camionete dos PM´s. O caminhão parou na lateral da delegacia (confrontando com o Plácido, no beco José Scherer), já eram 7h da manhã.

Fizeram um cordão e fomos entrando todos pra sala da frente que era maior, com a panela e as canhas. O caminhão do choque se mandou. Os PM´s entregaram os papéis pra os Policiais e se mandaram também, e ficamos por conta do Moreira e do Luiz, inspetores (faixas nosso), que chamaram o Delegado Chicão pra resolver o assunto, já que os acusadores (Jairo e Zeno) não tinham o que acusar, e nem nós sabíamos do que éramos acusados.

O malfeitor já tinha sido retirado (o Guma). O Zeno estava lá com os beiços avantajados do inchaço causado pelo "prataço", e meio curvado por problema nas costelas.

O Delegado Chicão chegou. Tomou parte do assunto, liberou os acusadores e começou a fazer algumas ligações. Na sala da frente o gritiriu era grande e a canha que tinha sobrado ainda tava correndo solta (o Flávio tinha levado embaixo das roupas), o delegado foi até lá e mandou todo mundo calar a boca senão iam todos pro presídio. Mas logo lhe foi lembrado que o caminhão já tinha ido embora... Se indignou, mas não respondeu, sendo interpelado pelo Flávio: "Por favor, Dr. Chicão, posso ir fazer xixi?"

Só olhou pro Flávio e disse: "Faznas calças ou aonde tu quiser, mas ninguém sai dessa sala", e se retirou. O Flávio tranquilamente foi até a parede do fundo e descarregou, sendo seguido por outros necessitados, alguns até vomitando.

O Moreira viu aquilo e se dirigiu ao chefe: "Olha Delegado, eles tão mijando e vomitando. Só falta cagar, o que não demora..."!

O Delegado furioso disse: "Moreira, abre a porta da frente e bota tudo a correr. Se for preciso tu toca bala que eu não quero mais nem saber desta nbalburdia e nem desses caras aqui dentro".

Saímos pela porta da frente e seguimos pela João Brasil, com a panela pela metade de bóia, e fomos até a casa do Mazzaropi, pai do Zé Machão, e a festa seguiu até a meia tarde...

Obs.: Não fomos convidados pro casamento. Ah, e já se desfez faz tempo...

Um comentário:

  1. É tudo verdade, verdadeira, eu, minha irmã Lobelia,meus pais e a Marta Araujo, tia do Neizinho tb estávamos, em outra barraca, acampados na praia.

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